"Em entrevista à Radioagência NP, a professora e especialista em cultura árabe da Universidade de São Paulo (USP), Alerne Clemesha, fala sobre o histórico do conflito entre os dois povos(...)
Radioagência NP: Alerne, fale sobre a origem deste conflito.
Alerne Clemesha: O que está acontecendo em Gaza é nada mais que a continuidade do que é a política israelense desde que surgiu o estado de Israel, em 1948. Neste ano, assim que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a partilha da chamada "Palestina histórica" [engloba Israel, Cisjordânia e faixa de Gaza], as forças sionistas começaram a realizar ataques a vilarejos palestinos de toda a região, forçando a população palestina a fugir. Os israelenses realizaram massacres e fuzilamentos. De 800 vilarejos da Palestina histórica, foram destruídos um total de 530.
(...)
RNP: A que você explica essa falta de ação das potências mundiais e organismos competentes em intervir para resolver de vez este conflito?
AC: A própria criação do Estado de Israel teve mais que um fator motivador. Nós comentamos aqui da necessidade de reparar os judeus pelo crime do holocausto, agora outro motivador, provavelmente mais importante, porque antecedeu esse, foi o de usar o sionismo como aliado para a dominação dentro do Oriente Médio. Foi assim que começou o apoio britânico ao sionismo antes da Segunda Guerra Mundial. Esse fator continuou ao longo da segunda metade do século XX. Israel continuou a ser o grande aliado dos EUA, depois de ser da Inglaterra, e isso faz com que os EUA agora deem um apoio incondicional ao Estado de Israel. E essa aliança política de interesses é o que impede que a ONU se encarregue da situação de fato, porque a Assembléia Geral [da ONU] sempre votou que Israel terminasse essa ocupação dos territórios palestinos.
RNP: É exagero dizer que há uma política de extermínio do povo palestino?
AC: Não há mais como negar que há um extermínio do povo palestino. Ali você tem uma política de segregação racial que cria um estado de apartheid, além de criar esses bolsões que são hoje guetos palestinos murados, e veja que quando eu uso esse termo não é um exagero. Se você pegar a cidade de Belém, na Palestina, [Cisjordânia] essa cidade tem um muro dando a volta nela. Não tem como entrar e sair de Belém sem a permissão do exército israelense. E depois de toda essa política paulatina de segregação cada vez maior, há a possibilidade absoluta de realizar um massacre."
Fonte: http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6028&Itemid=43
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário